sábado, 14 de junho de 2008

"Consílio dos Deuses"

O Consílio dos Deuses - Canto I (estrofes 20 a 41)
A ideia introduzida na estrofe 19 não é terminada no último verso. Ela é continuada na estrofe 20. Por isso se utilizou a construção “Já... Quando...” transmitindo a ideia de ligação temporal entre as duas estrofes: os navegadores portugueses já navegavam no oceano Índico, quando os deuses se reuniram no Olimpo para decidirem se permitiam ou não que os portugueses encontrassem um lugar onde pudessem descansar e recuperar novas forças para enfrentar a viagem no desconhecido.
A ligação entre as duas estrofes não é meramente sintáctica, mas revela que a viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia depende do parecer favorável dos deuses, da sua vontade perante estes humanos tão decididos. Logo, interligam-se também aqui o plano da viagem e o plano mitológico e esta associação está presente em toda a Narração. Os deuses, ao dificultarem ou facilitarem a viagem dos portugueses, permitem que a acção se desenvolva. O plano mitológico era fundamental numa epopeia, mas nesta obra os deuses não têm apenas a função de embelezar a acção, eles são elementos geradores (provocadores) da própria acção.
Como este episódio mitológico é bastante extenso, podes seguir alguns passos para o analisares correctamente:

Faz a leitura das estrofes designadas;

Procura dividir o episódio em partes de acordo com aquilo que se vai passando: 1.ª parte -estrofes 20 a 23: 2ª parte — estrofes 24 a 29; 3ª parte — estrofes 30 a 35; 4.ª parte estrofes 36 a 40; 5.ª parte — estrofe 41.
Apresenta uma frase-sintese de cada uma das partes, justificando a divisão efectuada:
1.ª parte .- Descrição do espaço e da organização dos deuses no Consílio.
2.ª parte — Discurso de Júpiter, o pai dos deuses.
3.ª parte — Apresentação das opiniões dos outros deuses, destacando-se os pareceres de Baco e Vénus.
4.ª parte - Discurso de Marte, deus da guerra.
5.ª parte - Decisão final de Júpiter e conclusão do Consílio.

Procede a uma análise mais detalhada de cada parte.

- Nota: Podes seguir os passos sugeridos na análise deste e de outros episódios.
Depois de caracterizado o espaço onde se vão reunir os deuses, o Consílio inicia-se com o discurso de Júpiter, o pai dos deuses (estrofes 24 a 29) que, após apresentar alguns feitos heróicos do povo português, se refere concretamente ao novo feito que os navegadores pretendiam alcançar e que o destino, o “Fado eterno” como lhe chama Júpiter, lhes tinha reservado. A descrição que Júpiter faz da Nação portuguesa permite a exaltação deste povo, capaz de actos tão grandiosos, Júpiter determina, então, que os navegadores sejam “agasalhados” na costa africana, quer dizer, que possam descansar em lugar seguro. O discurso de Júpiter é apresentado através do discurso directo.

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